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A casa da avó cheira a bolo Salazar. Na casa da avó posso brincar lá fora com os meus primos e mesmo com hora certa de recolha cada minuto se transformava em horas infindáveis de felicidade. Na mesa dos avós há sempre espaço para mais um. Na casa dos avós jogamos damas e plantamos no quintal. Na casa dos avós as feridas curam-se com mimos e transformam-se em resiliência. Na casa dos avós não existem medos porque eles têm sempre aquele ar de quem salva o mundo de qualquer catástrofe. Hoje sei que eles realmente me salvam todos os dias porque me muniram de coragem e sensatez na mesma porção e porque me permitiram sonhar, sem nunca esquecer de que é com os pés na terra que faço o caminho para o sonho. E no final do dia percorremos a pé os mesmos caminhos. Hoje são só caminhos que me levam às recordações deles. Sei que não os voltarei a percorrer a seu lado e também sei que a qualquer lado que vá mais nenhum caminho será o mesmo. Há coisas na vida que não se trocam por nada deste mundo. Há saudades que têm a capacidade de nos matar e fazer viver ao mesmo tempo." - Ana Lourenço
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